Vamos falar de disfunção cognitiva canina – DCC

O aumento na expectativa de vida dos cães de companhia vem trazendo novos desafios à medicina veterinária. Dentre eles, encontra-se a dificuldade na diferenciação do envelhecimento normal e patológico. Uma das principais alterações comportamentais encontrada em cães idosos e associada a um envelhecimento patológico consiste na disfunção cognitiva canina (DCC).

A DCC é uma alteração neurodegenerativa e neurocomportamental que afeta cães geriátricos, caracterizada por um declínio progressivo na função cognitiva do animal, que resulta em:
– desorientação,
– interação sócio ambiental,
– alterações relacionadas ao ciclo sono-vigília,
– alteração casa-sujidade;
– alteração da atividade no cotidiano do animal.

Os sinais clínicos deste declínio cognitivo normalmente só se tornam evidentes nos cães com idade igual ou superior a 11 anos.

Fazer uma distinção entre um normal envelhecimento e disfunção cognitiva preocupante não é uma tarefa fácil, assim como não é fácil diagnosticar e implementar um tratamento num estádio precoce de degenerescência. Em muitos casos, os donos não discutem sinais de disfunção com o seu Médico Veterinário. É possível que os donos não refiram tais sinais por acreditarem que as alterações comportamentais do seu animal são consequência inevitável do envelhecimento. Mas poderão também omiti-los por não terem conhecimento da existência de tratamento para esta condição ou até mesmo por receio de que o Médico Veterinário recomende eutanásia como única solução para este problema.

Quando os donos procuram o Médico Veterinário, a maior parte das queixas referem-se a alterações relacionadas com comportamentos destrutivos, defecação ou urina em locais inapropriados, bem como a vocalização excessiva.

As alterações comportamentais podem variar de animal para animal e podem traduzir diferentes níveis de disfunção. Alguns cães, com o avançar da idade, demonstram apenas um declínio ligeiro ou médio da sua função cognitiva, enquanto outros desenvolvem déficits cognitivos graves que se traduzem em alterações comportamentais muito evidentes, que poderão provocar desconforto ou intolerância por parte dos donos.

Em termos clínicos, é então possível definir vários graus de déficit na função cognitiva nos animais: o défice associado a um envelhecimento natural, comprometimento cognitivo moderado e comprometimento cognitivo grave.

Vários estudos demonstram que a DCC é uma síndrome com uma elevada prevalência, muitas vezes subdiagnosticada (devido sua dificuldade de diagnóstico não possuindo marcadores biológicos nem teste), e que exerce um grande impacto na vida, não só dos animais geriátricos, mas também na dos seus donos.

Se o pet apresenta os seguintes comportamentos:
– fica o tempo todo inquieto/agitado;
– fica mais choroso/triste quando deixado sozinho;
– late/chora mais que o de costume;
– tem falta de apetite;
– mudança na ingesta de água;
– anda sem parar sem propósito aparente;
– deixa de responder quando chamado;
– recusa a brincar e passear;
– olhar fixo no espaço;
– parece incapaz de ouvir sons baixos.
Está na hora de procurar um médico veterinário neurologista!

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